10 de novembro de 2014

A alimentação e as estações do ano em MTC



Com o desenvolvimento da humanidade e da sua capacidade de produzir os alimentos independentemente da sua estação característica, o homem deixou de se alimentar segunda a regra que determinava as suas refeições aquilo que as colheitas forneciam. Isto é, era a colheita, logo os alimentos de determinada estação, aqueles que faziam parte fundamental da sua ementa diária.
Poderemos afirmar que a nossa era tem muitas mais possibilidades de escolha, no que se refere à alimentação, advindo muitos benefícios, mas também podemos dizer que esta oferta tão abrangente, baralhou o ser humano e levou-o a cometer erros alimentares, dos quais, agora começa a pagar a factura.
Para melhor compreendermos esta relação das estações com a alimentação, apresentamos uma tabela, adaptada de uma outra, da autora Sónia Hirsch[1], que nos facilita o entendimento sobre esta questão:


PRIMAVERA
REDUZIR
NORMAL
REFORÇAR
REFOÇAR
NORMAL
ÁCIDO
AMARGO
DOCE
PICANTE
SALGADO

VERÃO
REDUZIR
NORMAL
REFORÇAR
REFOÇAR
NORMAL
AMARGO
DOCE
PICANTE
SALGADO
ÁCIDO

FINAL DO VERÃO
REDUZIR
NORMAL
REFORÇAR
REFOÇAR
NORMAL
DOCE
PICANTE
SALGADO
ÁCIDO
AMARGO

OUTONO
REDUZIR
NORMAL
REFORÇAR
REFOÇAR
NORMAL
PICANTE
SALGADO
ÁCIDO
AMARGO
DOCE

INVERNO
REDUZIR
NORMAL
REFORÇAR
REFOÇAR
NORMAL
SALGADO
ÁCIDO
AMARGO
DOCE
PICANTE

A Primavera e o Verão são períodos em que eliminamos naturalmente os excessos, quer através dos suores quer mesmo das «constipações» de verão, porque a energia se move de forma ascendente e para fora. São duas épocas ideais para se promover uma desintoxicação do nosso organismo, pois estamos a potencializar a ordem natural das coisas.
Já o Outono e o Inverno são períodos em que recolhemos e armazenamos a energia, que se move para baixo e para dentro, para tonificarmos os órgãos e sistemas internos através de alimentos fortes, revigorantes e cozinhados com lume forte, para mantermos o fogo interior.


Primavera
Vegetais ligeiramente cozidos, sopas leves e rápidas, a variedade deve ser maior que a quantidade. A energia é morna e ascendente, de sabor ácido; alimentos frescos, doces e de movimento neutro, são especialmente aconselhados. Evitar os quentes e frios. Evitar o que esteve muito tempo no fogo.
Os vegetais devem ser cortados em pequenas porções e ligeiramente refogados ou salteados.
Deveremos iniciar a nossa refeição com algo que proteja a Terra: sabor doce.
Verão




A energia quente e o sabor amargo dominam a estação. Começar a refeição com uma verdura picante, como o agrião ou uma salada de vegetais temperada com umas gotas/raspas de gengibre, para proteger o Metal.
Deve-se comer pouco, mas mais vezes, evitar a gordura. Procurar alimentos frescos e neutros e não frios. Deve-se evitar bebidas muito frias.
Comer com liberdade.

OUTONO

Energia de recolhimento, é necessário recolher novamente e armazenar.
O sabor picante está no ar; devemos começar a refeição com ácido para proteger Madeira e com alimentos mais cozidos e de natureza morna
Utilizar frutos secos – damasco – e naturezas mornas. Uma maçã assada no forno é bem-vinda. Se sentir frio, sobretudo nas extremidades, juntar um pau de canela nestas maças, ficam divinais.
Comer de centeio que é fogo e tem sabor amargo.
INVERNO
Procurar os alimentos amargos, de energia ascendente para activar a circulação.
Sopas bem cozidas; refeições mais fortes; os pratos mais generosos da tradição portuguesa.
Truque: se comer muita gordura, colocar um pouco de nabo ralado, pois é um excelente desengordurante natural.


[1] HIRSCH, Sónia, Manual do herói ou a filosofia chinesa na cozinha, 2ª edição, Brasil

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