5 de novembro de 2014

UM CONGEE: umas papas com força tonificadora



Ingredientes:


Arroz Integral (demolhar 10 -12 horas)     1 medida

Água      7 a 10 medidas


Modo de preparação


Cozinhar no mínimo 1,5h até um máximo de 10 horas.


Pode-se adicionar alguns alimentos tónicos por excelência – ginseng – ou carne magra para reforçar a capacidade de tonificar.



Muitas são as traduções possíveis para Congee, receita muito utilizada pelos povos asiáticos, nomeadamente Japoneses e Chineses. Para mim, são Papas de Arroz, nada é mais correto como tradução.

Normalmente usada para o pequeno-almoço, esta receita – Congee – pode ser utilizada noutras refeições, bastando para isso acrescentar outros ingredientes. Deve ser comida pelo menos uma vez por semana, pois assim reforçará o estomago e o sistema digestivo, uma vez que o Congee funciona como uma capa protetora do estômago, regulariza os intestinos e reforça o sistema imunitário. É excelente para quem sofre de doenças crónicas ou se encontra em período de convalescença, pois é de fácil assimilação e a sua digestão é simples e fácil.

Esta receita tem uma característica que me fascina: é fácil de fazer e pode ser adaptada a quase todas as circunstâncias, bastando para isso acrescentar outros ingredientes, nomeadamente, ervas aromáticas, legumes e carnes. Tão fácil e com tantas aplicações que basta utilizar um outro alimento com especificidades terapêuticas que a receita irá reforçar o tratamento pretendido. Por exemplo, o trigo, que acalma a mente e refresca o calor; o fígado que ajuda na deficiência de Yin e fortalece o fígado; a galinha, boa para as mulheres em convalescença; o alho que aquece e é bom para situações de ataques de frio; feijão Azuki que remove humidade e tonifica o rim; a carne de Vaca, excelente para o Baço em deficiência; aipo, excelente para remover humidade e drenar excesso de água; e podíamos estar aqui bastante tempo a construir receitas de congee.

O Congee sempre foi utilizado pelas famílias tradicionais chinesas que acrescentava ingredientes conforme a desarmonia que queriam tratar ou então como simples tónicos para o organismo.

Mas tradição gastronómica portuguesa, na sua “variante medicinal”( sim, também temos uma alimentação/gastronomia medicinal), também utiliza algumas receitas que nós poderemos chamar de Congee à portuguesa: quem nunca comeu um caldo de arroz quando estava de diarreia ou com problemas de estomago? Quem nunca comeu um arroz branco com cenoura, bem cozido e empapado, dizia o meu avô, para tratar os “desarranjos nos intestinos”? A nossa tradicional e mundialmente conhecida “Canja de Galinha”? Não é um Congee, tonificante e fortificante? É, pois, e dos melhores. Ou não se desse a canja com a melhor galinha às gravidas e pós-parto e aos doentes prolongados?

Sabem que mais… quanto mais leio, quanto mais conheço da dietética e nutrição segundo a MTC, mais acredito que a nossa gastronomia portuguesa, tal como era conhecido e confecionada pelas nossas avós e visavós, tem a essência medicinal da dietética e nutrição segundo a MTC. Aliás, como é que poderia ser diferente se a MTC defende que devemos comer o que a natureza nos dá, na estação devida e num raio até 50km. Então temos é de conhecer bem a nossa gastronomia, as suas especificidades e aplicar os conceitos de MTC. Aí, teremos uma nutrição e dietética portuguesa, segundo os princípios da MTC e adaptada aos portugueses de Portugal…
Nunca se esqueçam: faz do alimento, teu medicamento…

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